Artigos de Revisão
O Papel da Medicina Regenerativa no Tratamento e Reabilitação de Lesões Desportivas
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Resumo
Tradicionalmente, o papel do cirurgião na reparação de lesões do foro ortopédico, prende-se com a restituição da função perdida recorrendo à otimização do ambiente biomecânico da lesão. No entanto, sabe-se que algumas das lesões observadas nesta área apresentam um fraco potencial de recuperação espontânea e que as técnicas disponíveis até há algum tempo acabavam por resultar em défices irrecuperáveis ou cuja recuperação era demasiado longa. A abordagem e o tratamento das lesões desportivas têm vindo a melhorar substancialmente nas últimas duas décadas graças à evolução das técnicas minimamente invasivas e de programas de reabilitação mais dirigidos. Este novo conhecimento veio abrir portas a novas terapias biológicas, especialmente o plasma rico em plaquetas e as células estaminais.
Foi realizada uma revisão da literatura publicada na base de dados PubMed, pesquisando pelo termo MeSH “sports medicine”, considerado mais adequado e abrangente tendo em conta a informação disponível na literatura estrangeira. Foram selecionados os artigos disponíveis até dezembro de 2020, cuja pertinência para esta revisão foi posteriormente analisada.
O plasma rico em plaquetas parece representar uma opção segura para o tratamento e regeneração de alguns tecidos no contexto das lesões desportivas. Trata-se de uma terapia promissora e com baixo potencial para provocar efeitos secundários, já que utiliza tecido autólogo. As células estaminais terão um papel inquestionável no futuro do tratamento de lesões desportivas. Reconhece-se que têm tido efeitos promissores comprovados pela investigação dita de bancada e até pela progressão desta investigação para modelos animais. Até à data, os dados disponíveis permitem-nos assumir que a utilização de células estaminais mesenquimatosas será segura a curto prazo.
Embora os resultados sejam bastante promissores, ainda é precoce afirmar em que situações o plasma rico em plaquetas e as células estaminais possam ser utilizados com benefício comprovado, pelo que é imperativo que se realizem ensaios clínicos com o objetivo de estudar esta possibilidade, aliada a uma adequada reabilitação adaptada à lesão em si e às condições inerentes ao doente.
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