Technological Advances Transforming the Clinical Practice of Atrial Fibrillation

Resumo

A fibrilhação auricular (FA) é a arritmia mais comum que causa acidente vascular cerebral, enfarte do miocárdio e insuficiência cardíaca. O diagnóstico e tratamento precoces são cruciais para reduzir a recorrência da FA, a progressão da doença e melhorar o seu prognóstico. Assim, recomenda-se um rastreio oportunista em pessoas com pelo menos 65 anos.

Com o advento da medicina digital, há uma grande variedade de wearables que permitem o rastreio desta doença através de uma notificação baseada em ECG ou fotopletismografia de um ritmo cardíaco irregular. A adoção de plataformas digitais de saúde facilita a monitorização remota dessas notificações e integra dados de dispositivos wearables, smartphones e resultados relatados pelos doentes, permitindo que os profissionais de saúde diagnostiquem a FA em tempo real, levando a um tratamento rápido e personalizado. No entanto, existem alguns desafios a ultrapassar, como a gestão de um volume esmagador de informações e o armazenamento de dados de saúde que suscitam preocupações sobre a privacidade dos doentes, assuntos estes que desenvolvemos nesta revisão.

Efetivamente, a FA é uma arritmia complexa cujo tratamento adequado deverá ser holístico e centrado no doente. A mnemónica AF-CARE simplifica a abordagem terapêutica, focando-se no controlo das comorbilidades e fatores de risco acompanhantes, anticoagulação, controlo de ritmo e frequência cardíaca, mantendo uma reavaliação regular do doente.

As estratégias de controlo de ritmo utilizadas ao longo da última década, com ênfase no uso com segurança de fármacos antiarrítmicos e na disponibilidade da ablação por catéter, vieram demonstrar não só melhoria significativa dos sintomas, como também redução de morbimortalidade cardiovascular quando utilizadas precocemente. Os avanços tecnológicos na ablação por cateter permitiram uma mudança de paradigma para procedimentos “single-shot”, utilizando cateteres especializados que fornecem energia para isolar as veias pulmonares numa única aplicação (“single-shot”). Estas técnicas de ablação, incorporando a crioablação e, mais recentemente, a eletroporação, representam um avanço no tratamento da FA, oferecendo aos doentes melhores resultados e segurança.

Como consequência do benefício e da segurança da ablação por cateter, as guidelines europeias de 2024 recomendam a ablação por cateter como opção de primeira linha para controlo do ritmo de doentes com FA paroxística, a fim de reduzir os sintomas, a recorrência e a progressão da FA.